por Audrey M. A. Lamin
O escritor considera sua obra um precioso legado ao povo de Ribeirão Preto. Cione dedicou grande parte de sua vida à pesquisa sobre a cidade e, sem qualquer patrocínio, investiu recurso do próprio bolso para publicar seus livros. O idealismo de Cione era tanto que não permitiu que empresas patrocinassem suas obras, cujas rendas foram revertidas para instituições de caridade. Esta era a forma encontrada pelo historiador para agradecer as muitas homenagens recebidas. “Meus livros são o pouco que posso deixar para essa cidade que tanto amo”.
[dropcap]E[/dropcap]le nasceu no vilarejo de Marcondésia, em Monte Azul Paulista (SP), em 30 de agosto de 1918, filho de Benjamim Cione e Antonieta Perrone Cione. Em 1934, a família mudou-se para Ribeirão Preto e dois anos depois ele já dava aulas de Português e Geografia na antiga “Associação de Ensino”, a atual Unaerp. Foi ministrando aulas que conheceu Genny Arantes Vianna com quem se casou em 28 de dezembro de 1944 e teve quatro filhos, José Arnaldo, Regina, Maria Sílvia e Rita Marli. Cada um dos quatro optou por uma das profissões do pai. José Arnaldo é advogado e promotor, assim como Maria Sílvia, Regina é filósofa e a caçula Rita Marli, cirurgiã-dentista. Sua família é a preciosidade de que Rubem mais tem orgulho; possui também dez netos e oito bisnetos.
A primeira experiência com o Jornalismo ocorreu ainda na escola, onde circulava o jornal “O Ginasiano” que era distribuído aos alunos e enviado para os pais. Ao receber a publicação, seu pai ficava chateado por não ver artigos assinados pelo filho. Para mudar a situação, Benjamim Cione prometeu 5 mil réis por artigo assinado por ele. Rubem pegou tanto gosto pelo Jornalismo que um dia seu pai lhe disse: “meu filho, agora não tenho mais condições de lhe pagar; mas, por favor, não pare de escrever”. Desde então, não parou mais. Trabalhou como redator e editor de grandes jornais como o “Diário de Notícias” e “A Cidade”, ambos em Ribeirão Preto.
[dropcap]A[/dropcap] coleção de cinco livros que conta a história de Ribeirão Preto foi considerada uma das mais completas publicações sobre municípios paulistas pelo instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. A primeira edição, publicada em 1986, conta passagens da cidade desde 1712.
No período de 1947 a 1951 foi vereador. É um dos fundadores do PTB e presidente honorário do partido em Ribeirão Preto. Em 1958 disputou as eleições para vice- prefeito de Ribeirão Preto. Teve uma boa votação e teria sido eleito por qualquer outro partido, menos pelo PTB, pois a legenda do partido era forte e Rubem precisaria de um número maior de votos para eleger-se. Logo depois se candidatou para a prefeitura, mas não venceu. “Perdi por falta de humildade. Por ter sido tão bem votado na eleição anterior achei que não precisava fazer campanha, perdi por pouco”.
[dropcap]N[/dropcap]a vida pública, foi presidente da Academia Ribeirão-pretana de Letras Jurídicas, da Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil, do Rotary Clube (do qual foi um dos fundadores em Ribeirão Preto), do diretório do Partido Trabalhista Brasileiro e do Conselho Municipal da Cultura e do Desenvolvimento Histórico. É membro de diversas entidades ligadas ao Jornalismo e ao Direito. Hoje a Comarca de Ribeirão Preto é composta por 15 juízes; praticamente todos passaram por suas mãos.
Durante toda a sua vida Rubem Cione dedicou-se à advocacia, à família e à divulgação da história da cidade. “Fui um bom filho, um bom marido, um bom pai, um excelente profissional e, principalmente, brasileiro”.